Paulo Gonet foi indicado à recondução pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em agosto. Ele ocupa o cargo mais alto do Ministério Público Federal (MPF) desde dezembro de 2023, também por indicação de Lula. Ingressou no MPF em 1987 e já exerceu diversas funções, entre elas a de vice-procurador-geral eleitoral, quando assinou o parecer que recomendou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2023.
Como procurador-geral, Gonet apresentou denúncia e acompanhou os julgamentos contra acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022, incluindo o ex-presidente. Durante a sabatina na CCJ, defendeu sua atuação e afirmou que o órgão não apresenta “denúncias precipitadas” e não tem “lado político”.
“O jurídico que se desenvolve na busca do aplauso transitório e da exposição mediática não se compadece com a função que nos cabe. A legitimidade da atuação do procurador não se afere pela satisfação das maiorias ocasionais, mas pela racionalidade jurídica dos seus posicionamentos”, declarou Gonet.
A sabatina ocorreu de forma tranquila, mas teve momentos de tensão com senadores aliados de Jair Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que o MPF teria “vergonha” do procurador, o que levou o presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), a classificar o episódio como “constrangimento”.
Em resposta, Gonet afirmou que “não há vergonha da classe em ter o atual procurador-geral à frente da carreira”, citando mensagem enviada pelo presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Schettino.
Ao ser questionado sobre os processos relativos aos atos de 8 de janeiro de 2023, o procurador afirmou que o órgão não criminaliza a política e que seus entendimentos foram validados pelo Judiciário.
Sobre a possibilidade de perdão a condenados por tentativa de golpe de Estado, Gonet avaliou que a medida pode ser alvo de questionamento judicial. “Essa é uma decisão que cabe ao Congresso tomar. Não tenho dúvida da competência do Congresso Nacional para se manifestar a respeito de anistia. [Mas] entendo que há polêmica em torno disso, do ponto de vista jurídico”, afirmou.
Além de Gonet, a CCJ aprovou dois indicados de Lula para o Superior Tribunal Militar (STM). Os generais do Exército Anisio David de Oliveira Junior e Flavio Marcus Lancia Barbosa substituirão os ministros Marco Antônio de Farias e Odilson Sampaio Benzi, que se aposentaram recentemente.
Agência Brasil


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